Proposta deve ser
apresentada pelo governador Pezão no começo de novembro
Legislativo. Medidas para tentar reequilibrar as contas do estado, como
o corte nos salários, que está em estudo, precisam passar pelos deputados
POR SELMA SCHMIDT
26/10/2016 4:30 / atualizado 26/10/2016
10:22
RIO - O pacote de medidas — projetos e decretos do Executivo — para
tentar equilibrar as contas do estado está praticamente fechado, de acordo com
uma fonte do Palácio Guanabara. A apresentação deve caber ao governador
licenciado Luiz Fernando Pezão, que reassume o cargo no dia 1º de novembro.
Uma das propostas que estariam em estudo pelo governo é a redução da
jornada de trabalho e, consequentemente, de salários de servidores, apesar da
proibição imposta por liminar do Supremo Tribunal Federal (STF). A intenção é
fazer cortes de até 30% nos salários.
— O governo tem uma tese para fazer isso — disse a fonte, sem dar mais
detalhes.
O fato é que medidas como essa terão que ser aprovadas pelo Legislativo.
É o caso ainda do aumento da alíquota previdenciária, de 11% para 14%. O estado
quer ainda que Alerj, Ministério Público, Judiciário e TCE assumam o pagamento
das contribuições previdenciárias, como empregadores, de seus inativos, hoje
arcadas pelo Tesouro estadual. Com o aumento da alíquota para 14%, a
contribuição patronal passará para 28% (ela corresponde ao dobro do que é pago
pelo servidor da ativa e inativo).
CRISE É 'PIOR DO QUE SE TEM NOTÍCIA'
O líder do governo na Assembleia Legislativa (Alerj), Edson Albertassi
(PMDB), disse, nesta quinta-feira, que a crise enfrentada pelo estado “é pior
do que se noticia”. Segundo ele, no fim deste mês o teto de gastos com pessoal
fixado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de 60% da receita corrente
líquida (incluindo todos os poderes), deve ser atingido.
— Isso é reflexo da queda da receita — acrescentou o deputado.
No início de outubro, o estado já tinha superado o teto de
endividamento, de 200% da receita corrente líquida, também previsto na LRF. No
último relatório de finanças do governo, que contabiliza o segundo quadrimestre
de 2016, as despesas com pagamento de salários, aposentadorias e pensões já
tinham alcançado 57,93% da receita corrente líquida, totalizando gastos que
somavam R$ 28,26 bilhões, de setembro de 2015 a agosto de 2016. Ou seja, já
tinham superado os limites de alerta (54%) e prudencial (57%).
Os 60% são distribuídos entre os poderes. O Executivo pode gastar até
49% da sua receita com pessoal (atingiu 48,01% em agosto). A LRF estabelece
gastos máximos de 3% para o Legislativo (incluindo o Tribunal de Contas do
Estado), 6% para o Judiciário e 2% para o Ministério Público.
— Na hipótese de ser ultrapassada a previsão da LRF, o excedente deverá
ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo um terço no primeiro.
Para o cumprimento dessa limitação, poderão ser extintos cargos e funções,
assim como reduzidos os valores a eles atribuídos. A redução, entretanto, está
suspensa por força de liminar concedida em Ação Direta de Inconstitucionalidade
(Adin 2.238-5). Da mesma forma, está prevista a redução temporária da jornada
de trabalho, com a consequente redução dos vencimentos, mas o que também está
suspenso pela mesma Adin — explica o advogado Hermano Cabernite, especialista
em Direito Administrativo.
Carbenite lembra ainda que, se a redução não for alcançada no prazo
previsto, enquanto não regularizada a situação, o estado não poderá, dentre
outras providências, contratar operações de crédito.
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